Feng Shui: Autêntico e Pseudo.

05/11/2014 23:05

Feng Shui: Autêntico e Pseudo.

Por José Francisco Kanarzveski

     Existem muitas escolas que se denominam de Feng Shui, mas boa parte delas apresenta princípios e/ou técnicas que nada tem a ver com o autêntico, o Feng Shui Clássico. O Feng Shui Tradicional se ocupa do ambiente em que se vive e examina como ele afeta as pessoas. E ele vai afetá-lo, não importando se você está dando ou não atenção a ele. Por outro lado, o pseudo Feng Shui exige uma forte crença, para que se obtenha os resultados almejados. Segundo Joey Yap, geralmente o Feng Shui autêntico inclui em suas análises os seguintes elementos: direção; localização; forma/fatores do ambiente; corrente e direção da água; complexo de terreno; montanhas; aspectos do tempo; moradores. Por sua vez, podemos ver nas escolas quem dizem ser de Feng Shui, mas que de fato não o são, que a maioria delas não trabalha com a bússola, não cuidando da direção. Não observa também os fluxos de água ( real ou virtual), as montanhas (reais ou virtuais), não examina o entorno das construções e, muitas vezes, não leva em conta as pessoas que moram ou trabalham no imóvel. 

     O Feng Shui Clássico  baseia-se  na Metafísica Chinesa; na compreensão de como flui o Qi; no entendimento do Yin e do Yang; no conhecimento dos trigramas do I Ching, na compreensão do Wu Xing (Cinco Elementos) e no entendimento do Animais Celestiais. Seus princípios podem ser encontrados nas Tradições San He e San Yuan.

     A Tradição San Yuan (Três Ciclos), que foi criada durante a Dinastia Tang (618-960), tinha como base um acurado estudo astrológico das construções e dos moradores, bem como das tendências energéticas envolvendo as variáveis tempo e espaço. No desenvolvimento dessa Tradição, as técnicas evolucionaram num sentido matemático. Os fluxos do Qi eram examinados de forma transparente, exata e precisa, e, em relação aos ajustes, eram vinculadas ideias de probabilidade e eficácia. Dentro da referida Tradição, duas das escolas mais conhecidas são a Xuan-Kong Fei Xing (Estrelas Voadoras) e a Xuan-Kong Da Gua.

      A Tradição San He (Três Harmonias ou Três Combinações) salienta-se  principalmente pelo enfoque geomorfológico que serve de base a mesma. Centra seus estudos nas formas das montanhas e rios, tanto reais como virtuais. A Tradição San He, ao contrário da San Yuan, salienta na análise muito mais o sentido filosófico do que a exatidão técnica. A visão simbólica é mais aguçada e os ajustes menos rígidas. Sua escola mais conhecida é a Ba Zhai (Oito Palácios ou Oito Mansões ou Oito Moradas).

     Entre as escolas que são ditas como sendo de Feng Shui, mas que na realidade não pertencem ao Feng Shui autêntico, sobressaem as seguintes: Escola do Budismo Tântrico do Chapéu Preto; 8 Aspirações; Space Clearing (Limpeza Energética de Espaços); Pirâmide, e Vastu Shastra.

     A Escola do Chapéu Preto utiliza conhecimentos da Escola da Forma, mas ignora o uso da bússola em suas análises. Usa  o Ba Gua, mas, ao não usar a bússola, ignora as direções.  Os praticantes do Chapéu Preto utilizam o Ba Gua colocando o mesmo com o trigrama Kan voltado para a direção da parede onde está localizada a porta da casa ou do cômodo em exame. A cada um dos lados dos oito trigramas relacionam um aspecto, tal como, vida profissional, conhecimento, família, riqueza, etc. E para obter resultados favoráveis utilizam pensamentos positivos, rituais e atos mágicos.

     O Chapéu Preto serviu de base para outras escolas. A Escola das Oito Aspirações (Oito Aspirações da Vida) é muito parecida com  a do Chapéu Preto, apenas utilizando a bússola para direcionar o Ba Gua. A Space Clearing usa geralmente o Ba Gua para organizar o espaço em que vai atuar. Depois, utiliza elementos buscados no xamanismo, no budismo e no simbolismo chinês, para realizar rituais e limpezas energéticas, visando trazer prosperidade, saúde e proteção à família. A Escola da Pirâmide utiliza o Ba Gua do Chapéu Preto e, ao colocar valores psíquico-emocionais aos aspectos relacionados com cada lado dos trigramas, amplia os horizontes simbólicos desta escola. A Escola da Pirâmide fundamenta-se na psicologia jungiana, com forte apelo na programação neurolinguística. 

     O Vastu Shastra, que muitos colocam como sendo uma versão indiana do Feng shui, contém entre seus elementos primordiais aspectos astrológicos e religiosos pertencentes à cultura védica. Esta vinculação faz com que sua estrutura simbólica e analítica seja diferente da do Feng Shui que é baseada na Metafísica Chinesa.

     Encerrando esse tema, cabe destacar que as técnicas utilizadas pelas escolas não pertencentes ao autêntico Feng Shui podem propiciar a que se alcance  os objetivos desejados. Entretanto, as técnicas utilizadas não são do Feng Shui Clássico e nem essas escolas deveriam ser conhecidas como escolas ligadas ao Feng Shui.